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28 de jan. de 2008

Aqui Agora, a arma do povo


"São dezoito horas e trinta minutos, horário de Brasília. Está começando o Aqui Agora, um jornal vibrante, que mostra na TV a vida como ela é!"
Com essas palavras Ivo Morganti iniciava mais uma edição do jornal Aqui Agora, exibido pelo SBT entre 1991 e 1997. O SBT formou uma programação pesada que muito incomodou a Globo. No ano da estréia, o horário nobre tinha Carrossel, Chaves e Chapolin, TJ Brasil com Bóris Casoy e Jornal do SBT com Lilian Witte Fibe.

O INÍCIO
Aqui Agora debutou no dia 20 de maio de 1991, e em três semanas dava 15 pontos de audiência e elevou os índices do TJ Brasil. Foi inspirado no "Nuevediario", da TV argentina, mas inovou por evitar a edição das imagens, dando prevalência à seqüencia dos fatos.

COMO ERA
O conceito era muito simples: fazer tudo diferente do que a emissora líder fazia, fugindo do padrão global de qualidade. O SBT fez um jornal ágil e emotivo, com o apelo popular do jornal de rádio. Os apresentadores mais marcantes, Ivo Morganti, Christina Rocha, Liliane Ventura e Sérgio Ewerton chamavam as matérias.
Entravam perseguições policiais, tiroteios e muita correria, com o repórter e o cinegrafista praticamente participando das notícias; as matérias de defesa do consumidor com Celso Russomano; Magdalena Bonfiglioli em reportagens emotivas; Jacinto Figueira Jr., o homem do sapato branco, atrás de casos sobrenaturais; Wagner Montes como repórter investigativo e Gil Gomes, que popularizou-se como cronista policial que usava camisas coloridas e gesticulava como quem embaralha as pedras de dominó. O locutor Luiz Lopes Corrêa com sua voz inconfundível narrava as notas internacionais e as manchetes sarcásticas do programa; Nelson Rubens lia as fofocas dos artistas; Feliz dava a alegre previsão do tempo e o boxeador Maguila, vestindo luvas, era comentarista de economia.
As reportagens traziam no rodapé da tela uma faixa com caracteres que trazia uma manchete resumidora do assunto tratado, geralmente de forma impactante, que passou a ser copiada pelas outras emissoras e usada até hoje.
O programa foi um grande sucesso, tocando em cheio no público das classes C e D. Tornou populares jornalistas como Ivo Morganti, Wagner Montes, João Leite Neto e Celso Russomano, que engrenaram carreira politica.

A MÚSICA-TEMA
A música-tema do programa era marcante, bastante adequada à sua temática. Foi extraída de de um disco instrumental, como de praxe entre as emissoras de televisão. Para 1997, o compositor e arranjador Mário Lúcio de Freitas refez o arranjo, deixando a música mais suave, porém não menos impactante.

AS ENCHENTES
O programa era realizado nas instalações do SBT na Rua Santa Veloso, 575, Vila Guilherme, sempre suscetível a enchentes. Por causa delas, programas deixaram de ser exibidos, como Hebe e TJ Brasil, tendo sido inundados os estúdios e a produção. Mas o jornalismo não podia parar, e a emissora se adaptou como pôde. O SBT lançou, por volta de 92 ou 93, sua mais versátil unidade móvel: um bote inflável, que realizou muitas coberturas para o Aqui Agora e para o TJ Brasil. Era um barquinho de borracha, com um adesivo "reportagem"; na popa. Outros canais também tiveram seus botes, mas nunca para navegar dentro da própria emissora...

AS CRÍTICAS
Esse pacote tão irreverente fez levantar muitas críticas contra o programa, tachado de sensacionalista e apelativo. "Este é o receituário do jornalismo que exacerba emoções e transforma alguns jornalistas em policiais, juízes e, às vezes, executores da sentença”, criticou o jornalista Heródoto Barbeiro.

A DECADÊNCIA
O jornal começou a perder prestígio com a exibição das cenas de um suicídio. Para Dayse Bezerra, a decadência do Aqui Agora começou quando o excesso de inspiração saguinolenta ultrapassou a ética permitida. A partir daí o telejornal começou a morrer lentamente. Nesta ocasião, o Aqui Agora deixou de simplesmente noticiar, para ser noticiado. Tudo porque não soube frear as suas palavras, imagens e pautas jornalísticas.

OS FILHOTES
José Luiz Datena e seu Brasil Urgente, na Bandeirantes são filhotes do Aqui Agora. O estilo do jornal do SBT deu suas primeiras crias com o Cadeia na CNT (com Alborghetti) e Cidade Alerta na Record. Este criou o estilo do apresentador que opina, e fica de pé no estúdio. A Record encerrou o programa pois queria se livrar do rótulo de emissora popularesca, mas seu Balanço Geral bebe na mesma fonte. O SBT ainda tentou resgatar a fórmula com Ney Gonçalves Dias, em 1997, mas não durou.

PICOS DE AUDIÊNCIA
O programa chegou a 33 pontos. Na estréia da novela das sete Vamp, da Globo, armou-se com uma reportagem com as crianças de Carrossel e marcou 24 pontos de pico e 21 de média, abocanhando parte do público global.

O PRIMEIRO AQUI AGORA NÃO FOI DO SBT
Foi ao ar na Rede Tupi o programa chamado Aqui Agora, em 1980, diariamente do meio-dia às seis da tarde. Tinha Wilton Franco no cast e Wagner Montes já como repórter policial e apelidado de "chicote do povo". Mas não era um jornal; fazia a linha "O Povo na TV", com forte apelo popular, reencontros, brigas e muito improviso. A Tupi estava em crise e o programa foi uma aposta que deu certo, elevando o faturamento da emissora de Cr$ 200 mil para Cr$ 4 milhões. Acabou porque a emissora fechou. (fonte: http://www.tv-pesquisa.com.puc-rio.br/)

NO YOUTUBE
São vários os vídeos do Aqui Agora, mas selecionamos os mais interessantes.

Chamada - 1991

Abordagem de Gil Gomes


Chamada de Celso Russomano


Clipe exibido no Troféu Imprensa
Bastidores do Aqui Agora - reportagem do programa Vitrine da TV Cultura

2 comentários:

  1. Hamilton

    O primeiro tema do Aqui Agora não foi extraido de um disco com músicas instrumentais, mas sim é copia do telejornal argentino "Nuevediario"

    http://br.youtube.com/watch?v=J1R7AQIJCbU

    Veja o video que comprava isso

    ResponderExcluir
  2. Opa, uma correção. Alborghetti já imprimia seu estilo bem antes do Aqui Agora. O Cadeia já era um programa conhecido aqui no Paraná nos anos 80. Virou nacional quando a OM deu lugar à CNT. Logo, Alborghetti não é cria, é pioneiro!

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