Ao mesmo tempo em que a Praça É Nossa chega ao seu milésimo programa, achamos justo falar um pouquinho da família que comanda o show. Começaremos falando sobre o patriarca Manoel de Nóbrega. Dele duas coisas todo mundo sabe, aliás, três: que deu uma grande chance para o Silvio Santos firmar sua carreira no rádio, que 'deu' o Baú da Felicidade para o Silvio e que inventou a Praça da Alegria.
Silvio Santos, além de radialista, era o "Peru Que Fala", animador de festas e comícios e líder de caravanas de artistas. Tinha um bar perto da Rádio Nacional, uma revistinha de passatempos e propagandas chamada Brincadeiras para Você. Quando entrou na Rádio Nacional, era locutor comercial e Manoel de Nóbrega tinha seu programa líder de audiência em São Paulo, Cadeira de Barbeiro. Silvio tinha uma carta de recomendação do irmão de Manoel, mas preferiu conquistar seu trabalho por méritos e só a mostrou ao Nóbrega após ser admitido pela rádio num concurso. Esse gesto impressionou Manoel, que passou a acompanhar de perto e com admiração o novo contratado. Pouco tempo depois, já estavam trabalhando no mesmo programa e haviam se tornado grandes amigos, passando a ter uma relação afetiva digna de pai e filho.
Silvio foi ajudar Manoel da Nóbrega a se livrar da falência num negócio de vendas de uma cesta de presentes, já que o sócio Walter Scketer (o 'alemão') deu calote e sumiu. Era o Baú da Felicidade, uma idéia boa: a venda em prestações pagas antecipadamente e, doze meses depois, no Natal, era entregue ao cliente um baú cheio de brinquedos. Silvio foi à sede, que ficava num porão ao lado do hotel Othon, na Rua Líbero Badaró (onde atualmente está sediada uma loja da Kopenhagen), com a missão de informar os fregueses do fechamento da empresa e devolver a eles a quantia paga. Dias depois, porém, já tinha na cabeça a idéia de que aquele empreendimento era possível e que daria certo. Começou a investir, trocou os brinquedos por louças e utilidades domésticas, colocou o esquema de sorteios de prêmios. Logo estava sorteando casas e carros e apresentando programas de televisão com a finalidade de divulgar a empresa. Mas o começo não foi fácil. Amigos e a esposa Cidinha embalavam pessoalmente os bauzinhos com os produtos, e assim passavam várias noites em claro. Enquanto isso, Manoel da Nóbrega fazia sua parte, anunciando o carnê do Baú na rádio, e Silvio, fazendo shows em praça pública e vendendo os carnês.
Exatos cinqüenta anos depois, o que era apenas o Baú da Felicidade tornou-se o Grupo Silvio Santos, conglomerado formado por 34 empresas. Manoel da Nóbrega saiu da sociedade alguns anos após Silvio entrar, deixando tudo com ele. Como não era bom negociante, ficou com medo de quebrar de novo, e Silvio estava sendo ousado demais. Silvio ficou extremamente grato com Manoel, e Manoel nunca se arrependeu do que fez; disse que Silvio transformou a pequena empresa num grande grupo econômico, e que "na minha mão, o Baú seria sempre apenas um baú".
Nóbrega continuou sua carreira no rádio, e na televisão apresentou sua grande criação A Praça da Alegria. Foi jurado de programas de calouros de Silvio e seu substituto durante alguns domingos, ocasiões nas quais usou o microfone de Silvio (veja mais em http://obaudosilvio.blogspot.com/2008/02/o-microfone-do-silvio-parte-2.html).
Continua...
Ótima matéria!
ResponderExcluirParabéns, seu blog é excelente!
Cesar M